A nossa palestra realizou-se no dia 6 de Abril de 2011, pelas 14 horas no auditório D. João Pereira Venâncio e foi dirigida pela Doutora Ana Bastos, Professora de Engenharia Civil na Universidade de Coimbra (UC) e Investigadora do projecto SAFESPEED.
O objectivo desta palestra era sensibilizar a população escolar para o problema dos acidentes rodoviários e dar a conhecer este projecto em que a Doutora Ana Bastos está inserida. Assim para perceber melhor este Project, a Doutora começou por falar dos números em Portugal. Explicou que Portugal reduziu muito o número de acidentes, em grande parte devido à construção das auto-estradas. Podia verificar-se isso num gráfico que mostrou na sua apresentação, em que, em 1995 Portugal era o pior país da Europa, ao nível do número acidentes rodoviários, e em 2007 estava em 12º lugar. No entanto e apesar de estes números terem diminuído bastante, ainda são muito elevados, e por isso, o objectivo da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária é de em 2015 Portugal estar entre os 10 melhores países da Europa, com menos acidentes rodoviários.
Este problema é um problema mundial e em 1990 era a 9ª causa de morte no Mundo, estima-se que em 2020 será a 3ª maior causa de morte no Mundo, passando à frente de muitas doenças.
O número de vítimas mortais actualmente é muito elevado porque praticamente metade das situações de acidente que ocorrem envolvem motociclos. Esta situação aumenta em muito a probabilidade de ocorrerem mortes na estrada devido ao contacto físico directo do condutor de uma mota com o exterior, sendo isso que se verifica na maioria das vezes.
As faixas etárias mais afectadas são os jovens (entre os 18 e os 24 anos) e os idosos. Os jovens entre esta idade, pois é a idade em que adquirem a carta de condução e o tempo que demoram a ter experiência, de maneira que nos primeiros anos de condução ainda cometem erros que originam acidentes. Os idosos são também muito afectados devido à degradação das suas capacidades, quer visuais quer físicas. (Esta informação vai de encontro com a informação que obtivemos aquando da entrevista ao Comandante dos Bombeiros de Fátima).
Depois de explicar os números do país, os tipos de acidentes mais comuns e as idades mais afectadas, a Doutora apresentou o projecto em que está inserida.
Este projecto iniciou-se a 1 de Janeiro de 2009 e tem a duração de 3 anos. Deste projecto fazem parte oito investigadores das Universidades do Minho, Porto e Coimbra, incluindo a Doutora Ana bastos.
O Projecto baseia-se no seguinte facto: “ O condutor reage intuitivamente à informação que lhe é dada”. E com base neste facto é possível induzir intuitivamente o condutor a diminuir a velocidade.
Os objectivos do projecto são: uniformizar soluções, detectar situações de desadequação e definir soluções padrão para a correcção de situações existentes. Assim de acordo com estes objectivos o projecto encontra-se dividido em 3 fases.
A primeira a cargo da Universidade do Minho procura identificar e avaliar a forma e o peso com que cada factor relevante afecta a velocidade livre.
Na segunda fase a Universidade do Porto tenta modelar a velocidade livre. A velocidade livre consiste na velocidade que um condutor adopta quando circula numa via desimpedida de trânsito, esta difere de condutor para condutor e o objectivo desta fase é “alterar” a via de modo a moderar esta velocidade, procedendo à colocação de árvores lateralmente à via para o condutor se aperceber da sua velocidade, à colocação de rotundas, e outros métodos.
E por último, a 3ª fase, a mais visível, realizada pela Universidade de Coimbra, onde de encontra a Dra. Ana Bastos, irá influenciar a velocidade do trajecto, através de radares fixos e móveis, veículos instrumentalizados e simuladores de tráfego. Esta última fase iniciou-se em 1 de Janeiro de 2011 e terminará juntamente com o projecto a 31 de Dezembro de 2011.
Após a explicação do projecto a Doutora Ana Bastos informou que 50km/h, 7oKm/h e 90Km/h são, respectivamente, as velocidades máximas para o espaço urbano, espaço de transição e espaço rural, e segundo a própria “ os níveis de velocidade em Portugal são desadequados”.
Houve ainda tempo para expor alguns exemplos que existem noutros países e que puderam vir a ser uma solução para o nosso país.
As rotundas são muito mais seguras que os cruzamentos e permitem reduzir de 32 para 8 o número de pontos de conflito. No entanto a descoberta destas novas rotundas permite diminuir ainda mais este número, são elas as turbo-rotundas.
É de referir ainda que parte da zona central pode ser usada pelos pesados que entram na via interior e que pelas suas dimensões necessitam de maior espaço de manobra. Estas rotundas tiram flexibilidade mas garantem mais segurança.
Para reduzir o número de potenciais conflitos de tráfego, alguns países têm vindo a adoptar uma concepção diferente de rotunda: a turbo-rotunda (turbo-roundabout em inglês).
Em suma, correu tudo como planeado e os alunos mostraram-se muito satisfeitos com o tema da palestra, ouviram-se boas críticas e a Doutora Ana Bastos felicitou-nos pela iniciativa e mostrou-se também muito satisfeita com a palestra e pela aderência dos alunos. No geral a palestra cumpriu o seu objectivo de chamar a atenção dos alunos e sensibilizá-los para este problema. Com a realização desta palestra conseguimos cumprir um dos nossos objectivos, o de sensibilizar os alunos para o elevado número de acidentes rodoviários em Portugal.